O Que Fazer Se Sua Privacidade For Violada? Passo a Passo para Reclamar na ANPD

1. Contextualização da LGPD 

Vivemos em uma era digital onde dados pessoais são coletados, armazenados e compartilhados em escala sem precedentes. Para proteger os cidadãos brasileiros contra o uso indevido dessas informações, entrou em vigor em 2020 a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) (Lei nº 13.709/2018). Inspirada no Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) europeu, a LGPD estabelece regras claras sobre como empresas, órgãos públicos e organizações devem tratar informações pessoais, garantindo transparência, segurança e respeito à privacidade. 

A importância da LGPD vai além da proteção individual: ela é um marco para a sociedade, pois cria um ambiente de confiança no mundo digital. Com o aumento de vazamentos de dados, fraudes e golpes online, a lei exige que as organizações adotem medidas técnicas e administrativas para evitar violações, além de responsabilizá-las caso falhem nessa obrigação. Para os cidadãos, isso significa mais controle sobre suas informações e a garantia de que seus direitos não serão ignorados. 

2. Direitos Garantidos aos Cidadãos 

A LGPD assegura uma série de direitos fundamentais a todo titular de dados. Conhecê-los é o primeiro passo para agir em caso de violação de privacidade: 

Acesso aos dados (Artigo 18, I): Você pode solicitar, a qualquer momento, que uma empresa ou instituição confirme se possui seus dados e, se sim, exibir cópias dessas informações. 

Exemplo: Um banco deve fornecer detalhes sobre quais dados seus estão armazenados em seus sistemas. 

Correção de informações (Artigo 18, III): Se seus dados estiverem incompletos, desatualizados ou incorretos, é seu direito exigir a atualização. 

Exemplo: Corrigir um endereço cadastrado erroneamente em um aplicativo de entregas. 

Exclusão de dados (Artigo 18, VI): Você pode requerer a eliminação de informações coletadas sem consentimento ou quando não houver mais necessidade de armazená-las. 

Exemplo: Solicitar que uma rede social apague seu histórico de localização. 

Transparência no uso (Artigo 6º, IX): As organizações devem informar, de forma clara e acessível, como, por que e por quanto tempo seus dados serão utilizados. 

Exemplo: Um site de ecommerce precisa explicar se compartilhará seu CPF com terceiros. 

Esses direitos empoderam os cidadãos, transformando-os em agentes ativos na proteção de sua privacidade. Saber como exercê-los é essencial para reagir a possíveis violações — tema que exploraremos a seguir neste guia prático. 

Próximos Passos: 

Agora que você compreende a base da LGPD e seus direitos, vamos detalhar como identificar uma violação de privacidade e agir para resolver o problema. Continue lendo para descobrir o passo a passo completo! 

🔍 Dica: Anote ou salve os artigos citados (como o 18 e 6º da LGPD) para referência futura. Eles serão úteis ao formalizar reclamações!

2. O Que Caracteriza uma Violação de Privacidade? 

A violação de privacidade ocorre quando informações pessoais são acessadas, compartilhadas ou utilizadas de forma ilegal, sem o consentimento do titular ou em desacordo com a LGPD. Esses incidentes podem assumir diversas formas e trazer consequências graves. Veja os exemplos mais comuns e os impactos associados: 

2.1 Exemplos Comuns de Violações 

Vazamento de dados: 

Quando informações sensíveis (como CPF, números de cartão de crédito ou registros médicos) são expostas acidentalmente ou por ataques cibernéticos. 

Exemplo: Um banco sofre um hacking e os dados de clientes são publicados na dark web. 

Uso indevido de informações: 

Utilizar dados para finalidades diferentes daquelas autorizadas pelo titular. 

Exemplo: Uma loja online coleta emails para promoções, mas os usa para enviar propaganda política sem permissão. 

Compartilhamento não autorizado: 

Transferir dados a terceiros (empresas, parceiros) sem o devido consentimento ou justificativa legal. 

Exemplo: Uma clínica médica vende registros de pacientes para uma empresa de planos de saúde. 

Falhas de segurança: 

Armazenamento inadequado de dados (em sistemas sem criptografia) ou acesso interno indevido por funcionários. 

2.2 Impactos de uma Violação 

As consequências de uma violação vão além do incômodo imediato e podem ser devastadoras: 

I. Financeiro: 

    Golpes como falsificações de identidade, empréstimos fraudados ou compras não autorizadas. 

    Custos para reparar danos (ex.: contratação de advogados, bloqueio de contas). 

II. Reputacional: 

    Exposição de informações íntimas (fotos, mensagens) em redes sociais ou fóruns públicos. 

    Para empresas: perda de confiança dos clientes e multas milionárias da ANPD. 

III. Emocional: 

    Ansiedade, estresse e sensação de vulnerabilidade ao ter a privacidade invadida. 

    Dificuldade de reconstruir a imagem pessoal ou profissional após um vazamento. 

Por Que Isso é Grave Segundo a LGPD? 

A lei classifica violações de dados como incidentes que exigem notificação imediata à ANPD e aos afetados. Organizações que negligenciam a segurança podem ser penalizadas com multas de até R$ 50 milhões por infração. Para o cidadão, entender esses riscos reforça a necessidade de agir rápido e buscar reparação. 

Próximos Passos: 

Identificou uma situação parecida? Não deixe para depois! No próximo tópico, explicaremos como confirmar uma violação e coletar provas para fortalecer sua reclamação. 

🔍 Atenção:  Se suspeitar de um vazamento, evite compartilhar detalhes publicamente. Documente tudo silenciosamente para não alertar os responsáveis.

Passo 1: Identifique e Confirme a Violação 

Antes de agir, é essencial confirmar se seus dados pessoais foram realmente violados. Nem toda suspeita se concretiza, mas ignorar os sinais pode agravar os danos. Saiba como proceder: 

1. Sinais de Alerta 

Fique atento a situações que indicam uma possível violação de privacidade: 

Comunicações suspeitas: 

  • E-mails ou mensagens de phishing: Links falsos solicitando dados pessoais, senhas ou pagamentos. 
  • Cobranças indevidas: Faturas de serviços não contratados ou transações bancárias desconhecidas. 
  • Ligações fraudulentas: Golpistas se passando por empresas usando informações que você nunca compartilhou. 

Acesso não autorizado a contas ou serviços: 

  • Alertas de login em redes sociais, emails ou aplicativos de banco em dispositivos ou locais não reconhecidos. 
  • Alterações inexplicáveis em perfis (ex.: senha modificada, contatos adicionados sem sua permissão). 

Exemplo prático: Você recebe um SMS dizendo que seu CPF foi usado em uma compra online, mas não reconhece a transação. 

2. Como Verificar 

Para confirmar a violação, siga estas etapas: 

1. Revise registros de acesso: 

  • E-mails e SMS: Verifique mensagens de notificação de serviços que você utiliza (ex.: alertas do Google sobre login suspeito). 
  • Aplicativos e redes sociais: Acesse a seção “Segurança” ou “Atividade recente” para checar logins e ações suspeitas. 
  • Extratos bancários: Analise movimentações financeiras incomuns. 

2. Consulte a organização responsável pelo tratamento dos dados: 

Envie um pedido formal (por e-mail ou canal de atendimento) questionando se houve vazamento ou uso indevido de suas informações. 


Modelo de mensagem: 

“Solicito informações sobre o tratamento dos meus dados pessoais, conforme Artigo 18 da LGPD. Suspeito de violação relacionada a [descreva o incidente]. Peço confirmação e detalhes das medidas de segurança adotadas.” 


3. Verifique fontes externas: 

Use ferramentas como o Have I Been Pwned (https://haveibeenpwned.com/) para descobrir se seu e-mail ou telefone foram expostos em vazamentos públicos. 

Importante: 

Se a organização não responder dentro de 10 dias úteis, isso pode indicar má fé ou negligência — um motivo válido para escalar a reclamação à ANPD. 

Guarde cópias de todas as comunicações e respostas (ou a falta delas). 

Próximos Passos: 

Após confirmar a violação, é hora de documentar todas as evidências. No próximo tópico, explicaremos como coletar e organizar provas para fortalecer sua reclamação. 

🔍 Dica rápida: 

Se identificou acesso não autorizado a uma conta, altere imediatamente a senha e ative a autenticação em duas etapas!

Passo 2: Documente Tudo 

Documentar uma violação de privacidade é crucial para embasar sua reclamação e garantir que os responsáveis sejam devidamente responsabilizados. Sem provas, fica difícil comprovar o ocorrido. Veja como coletar e organizar as informações de forma eficiente: 

1. Coleta de Provas 

A qualidade das evidências pode definir o sucesso do seu caso. Comece reunindo: 

Prints de e-mails, mensagens ou telas com dados vazados: 

Capture imagens de comunicações suspeitas (ex.: e-mails de phishing, SMS com cobranças indevidas). 

Fotografe ou salve telas que mostrem acesso não autorizado a contas (ex.: notificação de login em rede social). 

Exemplo: Um print de um extrato bancário com uma transação fraudulenta. 

Registro de datas, horários e detalhes do incidente: 

Anote quando a violação foi detectada, quais dados foram expostos e como descobriu o problema. 

Inclua informações sobre tentativas de contato com a organização responsável (ex.: data do e-mail enviado). 

Outros materiais relevantes: 

Cópias de contratos ou termos de uso que comprovem o consentimento (ou a falta dele) para o uso dos dados. 

Gravações de ligações suspeitas (se permitido por lei no seu estado). 

2. Organize as Informações 

Mantenha tudo organizado para facilitar o acesso durante o processo de reclamação: 

Crie um arquivo digital: 

Salve as evidências em pastas nomeadas por data e tipo (ex.: “Prints_Phishing_102023”). 

Use serviços em nuvem (Google Drive, Dropbox) com senha para garantir segurança e backup. 

Prepare um arquivo físico (opcional): 

Imprima documentos chave e guarde-os em um fichário ou envelope identificado. 

Inclua um resumo escrito à mão com datas e observações pessoais sobre o caso. 

Faça um relatório resumido: 

Elabore um documento único com: 

1. Cronologia do incidente (timeline). 

2. Lista de dados vazados (ex.: CPF, e-mail, número de cartão). 

3. Ações já tomadas (ex.: contato com a empresa). 

Por Que Isso Importa? 

A LGPD exige que as organizações comprovem compliance (conformidade) com a lei. Suas evidências podem ser usadas pela ANPD para investigar e aplicar multas. Além disso, em processos judiciais, a documentação detalhada aumenta suas chances de receber indenizações. 

Próximos Passos: 

Com tudo documentado, você está pronto para entrar em contato com o responsável pelo vazamento. No próximo tópico, ensinaremos como redigir uma notificação formal e exigir reparações. 

🔍 Dica de Ouro: 

Nunca apague e-mails, mensagens ou registros originais! Mesmo após tirar prints, mantenha os arquivos originais intactos — eles são provas técnicas valiosas.

Passo 3: Entre em Contato com o Responsável 

Agora que você identificou a violação e reuniu as provas, é hora de exigir uma posição formal da organização responsável. Este passo é fundamental para resolver o problema de forma ágil e demonstrar que você está seguindo os procedimentos legais da LGPD. 

1. Exija uma Resposta Formal 

Segundo o Artigo 18 da LGPD, toda organização é obrigada a responder a solicitações dos titulares de dados dentro de 10 dias úteis. Para garantir que seu caso seja tratado com seriedade: 

Envie uma notificação formal: 

  • Por e-mail: Utilize o canal de atendimento oficial da empresa (ex.: privacidade@empresa.com.br) ou o formulário de proteção de dados, se houver. 
  • Por carta registrada: Ideal para casos graves ou se a empresa ignorar mensagens digitais. A carta registrada oferece comprovante de entrega e é aceita juridicamente. 

O que solicitar

  • Esclarecimentos: Peça uma explicação detalhada sobre como e por que a violação ocorreu. 
  • Medidas corretivas: Exija ações concretas, como exclusão de dados vazados, correção de informações ou bloqueio de acesso não autorizado. 
  • Cópia do relatório de incidente: Organizações devem registrar violações graves e informar a ANPD e os afetados (Artigo 48 da LGPD). 

2. Modelo de Comunicação 

Use este modelo como base para sua mensagem. Adapte conforme seu caso: 

Assunto: Notificação de violação de dados pessoais – Solicitação de providências conforme LGPD 

Corpo do e-mail/carta: 

Prezados Responsáveis pelo Tratamento de Dados, 

Meu nome é [Seu Nome Completo], titular dos dados pessoais tratados por [Nome da Organização]. 

Venho relatar uma possível violação de privacidade relacionada a [descreva brevemente o incidente: ex.: “vazamento do meu CPF em 15/10/2023” ou “cobrança indevida no cartão de crédito vinculado à minha conta”]. 

Conforme evidências anexas (prints, registros etc.), solicito: 

1. Esclarecimentos sobre as causas e o escopo da violação. 

2. Exclusão/correção imediata dos dados afetados. 

3. Informações sobre medidas adotadas para evitar novos incidentes. 

De acordo com o Artigo 18 da Lei Geral de Proteção de Dados (Lei nº 13.709/2018), aguardo resposta formal dentro do prazo legal de 10 (dez) dias úteis. 

Atenciosamente, 

[Seu Nome] 

[Seu CPF/contato] 

Anexos: 

Cópia das provas coletadas (ex.: prints, extratos). 

Documentos que comprovem a relação com a organização (ex.: contrato, número de cliente). 


Dicas Essenciais: 

  • Guarde o comprovante de envio: No caso de email, ative o “recebimento de leitura”. Para cartas, armazene o AR (Aviso de Recebimento). 
  • Não ameace ou use tom agressivo: Mantenha a comunicação profissional para evitar conflitos desnecessários. 
  • Se a empresa não responder: O silêncio dela é um motivo válido para avançar para a próxima etapa: reclamação na ANPD. 

Próximos Passos: 

Após enviar a notificação, monitore o prazo de 10 dias. Se a organização não agir, você estará preparado para formalizar a denúncia na Autoridade Nacional de Proteção de Dados. Explicaremos como fazer isso no próximo tópico! 

🔍 Importante: 

Não aceite respostas vagas como “estamos analisando”. Exija um posicionamento claro e por escrito, com prazos para a solução.

Passo 4: Formalize a Reclamação na ANPD 

Se a organização responsável pela violação ignorou seu pedido ou não resolveu o problema, é hora de acionar a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). Esse órgão fiscaliza o cumprimento da LGPD e pode aplicar sanções aos infratores. Veja como proceder: 

1. Quando Recorrer à ANPD 

A reclamação na ANPD é recomendada em casos como: 

  • A empresa não respondeu dentro do prazo de 10 dias úteis (Artigo 18 da LGPD). 
  • A solução oferecida foi insuficiente (ex.: prometeram excluir dados, mas o vazamento persiste). 
  • Há indícios de negligência grave (ex.: falta de segurança, compartilhamento ilegal de dados sensíveis). 

Importante: A ANPD não resolve disputas individuais por indenização, mas investiga violações e pune quem descumpre a lei. 

2. Como Preencher o Formulário de Reclamação 

Siga estas etapas para garantir uma denúncia eficaz: 

1. Acesse o portal oficial da ANPD: 

    Entre no site [www.gov.br/anpd/ptbr](https://www.gov.br/anpd/ptbr) e clique em “Fale Conosco” > “Registrar Manifestação”. 

2. Preencha os campos obrigatórios: 

   Identificação: Nome completo, CPF, e-mail e telefone. 

   Detalhes da reclamação: 

  • Descreva o incidente (quando ocorreu, quais dados foram violados). 
  • Informe o nome da organização responsável. 
  • Anexe todas as provas (prints, e-mails de contato, respostas da empresa etc.). 

3. Revise e envie: 

    Confira se os dados estão corretos e se as evidências estão claras. 

    Após enviar, você receberá um número de protocolo por e-mail. Guarde-o! 

3. Acompanhe o Processo 

Consulte o andamento: 

Use o número de protocolo no [Sistema de Atendimento da ANPD](https://www.gov.br/anpd/ptbr/assuntos/atendimento) para verificar atualizações. 

A ANPD pode solicitar informações adicionais por e-mail. 

Prazos e expectativas: 

A análise pode levar meses, dependendo da complexidade do caso. 

Se a ANPD identificar irregularidades, poderá notificar a empresa, exigir medidas corretivas ou aplicar multas (até 2% do faturamento, limitado a R$ 50 milhões).

Dicas para uma Reclamação Eficaz 

  • Seja detalhista: Inclua cronologia, cópias das comunicações com a empresa e artigos da LGPD violados (ex.: Artigo 46, sobre segurança dos dados). 
  • Mantenha o sigilo: Não compartilhe publicamente detalhes da denúncia até que a ANPD conclua a investigação. 
  • Caso urgente: Se a violação representa risco imediato (ex.: golpes financeiros em andamento), mencione isso no formulário. 

Próximos Passos: 

Enquanto aguarda a resposta da ANPD, você pode explorar ações judiciais para buscar indenizações por danos morais ou materiais. No próximo tópico, explicaremos como buscar reparação civil. 

🔍 Atenção: 

A ANPD não atende denúncias anônimas. Se quiser proteger sua identidade, contate um advogado para representá-lo.

Passo 5: Explore Recursos Legais (Se Necessário) 

Se a violação de privacidade causou prejuízos concretos ou se a ANPD não resolveu seu caso de forma satisfatória, é possível buscar reparação por meio da Justiça. A LGPD prevê direitos indenizatórios, mas é fundamental agir com estratégia e apoio especializado. 

1. Indenizações por Danos 

A Lei Geral de Proteção de Dados (Art. 42 e 44) permite que o titular de dados processe judicialmente a organização responsável por violações que resultem em: 

Danos materiais: 

Prejuízos financeiros diretos, como: 

  • Gastos com bloqueio de cartões, contratação de serviços antifraude ou perdas por golpes. 
  • Lucros cessantes (ex.: perda de clientes se seus dados comerciais foram expostos). 

Danos morais: 

Impactos emocionais ou à reputação, como: 

  • Exposição de informações íntimas (fotos, mensagens). 
  • Estresse crônico ou transtornos de ansiedade causados pelo vazamento. 

Como buscar indenização: 

1. Reúna provas sólidas: 

    Documentos que liguem a violação aos danos sofridos (ex.: laudo psicológico, extratos bancários). 

2. Tente um acordo extrajudicial: 

    Envie uma notificação exigindo reparação financeira, com base no Artigo 42 da LGPD. 

3. Ajuíze a ação: 

    Procure a Justiça Comum ou o Juizado Especial Cível (para casos de até 20 salários mínimos). 

Exemplo prático: Após um vazamento de dados médicos, um paciente processa o hospital e recebe R$ 15 mil por danos morais. 

2. Apoio Jurídico 

Contratar um advogado especializado em proteção de dados é essencial para aumentar suas chances de sucesso. Esse profissional pode: 

  • Avaliar a viabilidade do caso: Analisar se há base legal para pedidos de indenização ou medidas urgentes (ex.: tutela de urgência). 
  • Representar você na Justiça: Elaborar a petição inicial, apresentar provas técnicas e argumentar com base na LGPD e no Código Civil (Art. 186 e 927). 
  • Negociar acordos:  Buscar compensações sem necessidade de longo litígio. 

Como encontrar um bom advogado: 

  • Consulte a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de seu estado. 
  • Busque profissionais com experiência comprovada em casos de violação de dados ou atuação perante a ANPD. 

Custos do Processo: 

  • Justiça Gratuita: Se não puder arcar com custos, peça assistência jurídica gratuita na Defensoria Pública. 
  • Honorários condicionais: Muitos advogados atuam no modelo “só pago se ganhar”, cobrando percentual da indenização obtida. 

Importante: 

  • A LGPD não exige que você esgote as etapas anteriores (como a reclamação na ANPD) para entrar com uma ação judicial. 
  • Em casos de violações coletivas (ex.: vazamento que atingiu milhares de clientes), é possível mover uma ação coletiva por meio do Ministério Público ou entidades de defesa do consumidor. 

Próximos Passos: 

Agora que você conhece todas as etapas para reclamar na LGPD, confira nossas dicas finais de prevenção para evitar novas violações de privacidade. 

🔍 Fique Atento: 

Não deixe o caso prescrever! O prazo para entrar com ações por danos morais é de até 3 anos, a partir da data em que descobriu a violação.

Prevenção: Como Evitar Novas Violações 

A melhor defesa contra violações de privacidade é a prevenção. Além de saber como agir após um incidente, adotar práticas de segurança e exercer seus direitos de controle reduz significativamente os riscos. Confira como se proteger: 

1. Boas Práticas de Segurança 

Proteja seus dados com hábitos simples, porém eficazes: 

Use senhas fortes e únicas: 

  • Combine letras (maiúsculas e minúsculas), números e símbolos (ex.: `Senh@Segura2024!`). 
  • Evite repetir a mesma senha em múltiplos serviços. 
  • Dica prática: Utilize um gerenciador de senhas (ex.: LastPass, 1Password) para armazenar credenciais com segurança. 

Ative a autenticação em duas etapas (2FA): 

  • Adicione uma camada extra de proteção em contas importantes (email, redes sociais, bancos). 
  • Opte por aplicativos como Google Authenticator ou tokens físicos, mais seguros que SMS. 

Revise permissões de aplicativos e redes sociais: 

  • Verifique quais apps têm acesso a seus dados (ex.: Facebook > Configurações > Apps e Sites). 
  • Remova serviços não utilizados ou suspeitos. 

Exemplo: Um jogo mobile que pede acesso a seus contatos ou localização sem necessidade. 

Atualize dispositivos e softwares: 

  • Correções de segurança em sistemas operacionais e aplicativos fecham brechas para hackers. 

2. Direitos de Controle 

A LGPD garante ferramentas para você gerenciar seus dados de forma ativa: 

Solicitar a exclusão de dados (Direito ao Apagamento  Artigo 18, VI): 

  • Peça que empresas apaguem informações não mais necessárias ou coletadas sem consentimento. 
  • Como fazer: Envie um email formal citando o Artigo 18 (veja modelo no Passo 3). 

Pedir a portabilidade de dados (Artigo 18, V): 

  • Obtenha uma cópia de seus dados em formato estruturado para transferir a outro serviço. 

Exemplo: Migrar histórico de compras de uma loja online para um concorrente. 

Revogar consentimentos (Artigo 8º): 

  • Você pode cancelar a qualquer momento a permissão para uso de dados, mesmo que já tenha autorizado. 

Acompanhar como seus dados são usados (Direito à Transparência  Artigo 6º): 

  • Exija relatórios simplificados sobre finalidades de tratamento (ex.: “Por que meu CPF foi compartilhado?”). 

Como Exercer Esses Direitos: 

1. Acesse a política de privacidade do serviço (geralmente no rodapé do site ou app). 

2. Localize o canal de atendimento ao titular (e-mail, formulário online). 

3. Formalize o pedido por escrito, citando a LGPD e especificando sua solicitação. 

Por Que Isso Funciona? 

Organizações são obrigadas a cumprir suas solicitações dentro de 10 dias úteis. Se negligenciarem, você pode denunciar à ANPD (Passo 4) ou buscar reparação judicial (Passo 5). 

Conclusão da Prevenção 

Proteger sua privacidade é um processo contínuo. Ao combinar práticas de segurança diárias com o exercício dos direitos da LGPD, você minimiza riscos e mantém o controle sobre suas informações. 

🔍 Dica Final:  Agende revisões trimestrais de segurança: atualize senhas, verifique permissões e exclua contas antigas que não usa mais. 

Releia o guia completo e compartilhe com amigos para fortalecer a proteção coletiva de dados! 

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Conclusão 

A violação de privacidade não é apenas uma questão técnica — é uma ameaça à sua autonomia, segurança e dignidade. Agir rapidamente, seguindo os passos deste guia, é fundamental para mitigar danos e garantir que os responsáveis sejam responsabilizados. A LGPD existe para emponderá-lo, mas seu poder só se concretiza quando você conhece seus direitos e os exige com assertividade. 

Além de proteger a si mesmo, compartilhar conhecimento sobre proteção de dados é um ato de cidadania. Quanto mais pessoas entenderem a LGPD, mais as organizações serão pressionadas a tratar informações pessoais com a seriedade que merecem. Espalhe este conteúdo, converse sobre o tema em suas redes e incentive amigos e familiares a se tornarem agentes ativos na defesa de sua privacidade. 

Lembre-se: em um mundo cada vez mais digital, seus dados são você. Protegê-los é um direito e um dever. 

FAQ (Perguntas Frequentes) 

1. Quanto tempo a organização tem para responder a uma solicitação? 

A LGPD estabelece um prazo de 10 dias úteis para respostas iniciais (Artigo 18, §2º). Esse período pode ser prorrogado por mais 15 dias, desde que a organização justifique o motivo. Se ultrapassado, você já pode recorrer à ANPD. 

2. A ANPD aplica multas em casos de violação? 

Sim. A ANPD pode aplicar sanções como multas de até 2% do faturamento da empresa (limitadas a R$ 50 milhões por infração), além de bloqueio ou eliminação dos dados envolvidos. As penalidades dependem da gravidade e da recorrência do caso. 

3. Posso reclamar sem provas concretas? 

A ANPD aceita denúncias sem provas, mas é altamente recomendável reunir evidências (prints, e-mails, registros) para embasar sua reclamação. Denúncias anônimas têm menor prioridade e podem dificultar a investigação. 

4. E se a empresa responsável estiver fora do Brasil? 

A LGPD se aplica a qualquer organização que colete ou processe dados no Brasil, mesmo que sediada no exterior. Denuncie à ANPD normalmente. 

5. Posso ser indenizado mesmo sem processo judicial? 

Sim. Muitos casos são resolvidos via acordos extrajudiciais, mediados por órgãos como o PROCON ou a própria ANPD. Um advogado pode ajudar na negociação. 

📢 Este guia foi útil? Compartilhe-o em suas redes sociais e marque a ANPD (@anpdgovbr) para fortalecer a cultura de proteção de dados no Brasil! Para dúvidas específicas, consulte um advogado especializado ou entre em contato com a Ouvidoria da ANPD. 


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